La Luna – Parte II

Com o tempo a amizade entre Carnius e Lucius se fortaleceu. Isolados na floresta, sempre se escondendo das pessoas e mantendo-se afastados de povoados. Sobreviviam de ervas e caça. Carnius parecia adivinhar os pensamentos de Lucius, ajudando-o nas caçadas empurrando as presas para as armadilhas.

_ Parece que você sabe o que eu penso, não é Carnius?

_ Humf.

_ Tenho saudade de meus irmãos, principalmente de Augusto. Aquele sonho não me sai da cabeça.

_ Au.

_ O que acha de irmos vê-lo?

_ Au, Au.

_ Acredito que isso deva ser um sim, não é?

Carnius olha bem nos olhos de Lucius e abana o rabo, demonstrando que entendeu.

_ Muito bem. Amanhã iremos até a vila. Ficaremos nos arredores e olharemos de longe.

No dia seguinte desmontaram acampamento cedo. Era mais ou menos um dia de caminhada floresta adentro. Mais um ciclo lunar se aproximava e isto estava deixando Lucius apreensivo. Será que essas histórias que os antigos contam era verdade? Afinal, ele nunca tinha visto um lobisomem ou uma bruxa e sempre eram os anciães que contavam histórias assim.

Quando estavam próximos da vila já era tarde e a lua se levantava brilhante e enorme. Era o primeiro dia de lua cheia e ela estava com o reflexo máximo do sol. Resolveram parar por ali. Aproximariam-se da casa pela manhã. Seria mais fácil enxergar. Não acenderiam fogueira por que a lua daria a claridade necessária e não queriam chamar a atenção. Não era preciso temer algum animal porque Carnius estava sempre atento, como um cão de guarda.

Depois de uma pequena refeição e após uma extenuante caminhada que durou quase o dia todo Lucius adormeceu assim que se deitou.

Teve um sono perturbado, um sonho estranho. Sonhou novamente com a noiva de Augusto, sendo levada para floresta por uma fera enorme, maior que um homem. A garota parecia desmaiada e estava sendo possuída pela fera. O monstro às vezes parava, cheirava em volta e olhava na direção de Lucius, mas parecia não vê-lo. Até que ele parou, colocou a moça em suas costas e caminhou de volta para a casa de seus pais. Ao entrar na casa a garota acorda de seu sono e, ao perceber que está no lombo de uma fera começa a gritar. A moça pula de suas costas e num ato reflexo, a fera, com uma patada a corta em quatro, quase a separando toda. Augusto desperta assustado com o grito e, ao se deparar com a fera tenta atacá-la, ao que ela revida ficando sob as duas patas, quase atingindo o teto. Coloca uma pata traseira no peito de Augusto prendendo-o no chão, segura-o pelos braços e escancara a boca. Com uma poderosa mordida arranca a cabeça e os braços de Augusto. Tem uma refeição farta com o sangue dos dois. De repente ele se levanta e volta a cheirar o ar, olha na direção de Lucius e começa a caminhar. Devagar, olhando para Lucius começa a abrir a boca, dava pra sentir o cheiro de seu hálito. Lucius acorda assustado, com Carnius lambendo seu rosto ele se afasta, ainda com a sensação do lobo encarando-o e vê o focinho e as patas de Carnius manchada de sangue. Olha para as suas mãos e elas também estão manchadas de sangue. Corre até o lago e vê seu reflexo. Tinha sangue em seu rosto. Apavorado, ele dá um grito de desespero que afugenta os pássaros.

_ NAAAAAAAAAAAAAÃO.

****

Espelho

Comentários

Anônimo disse…
Caro Jack,

Espero terminar em breve sua história. Está muito interessante. Veremos o que estará reservado ao jovem Lucius.

Grande abraço,

Andy

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