Josefine - Parte III

Josefine – parte III

Atualmente...

Tive que aprender, com um certo cuidado, a andar de dia. Apesar de estar mais vulnerável nesse período, era a única forma de tentar localizar os lobisomens, pois eles eram feras à noite, mas de dia, eram humanos comuns.

Fiquei naquele telhado por mais três noites e nada aconteceu.

Na noite seguinte fiquei sabendo que houve um ataque em uma fazenda próxima. Um bezerro havia sido estraçalhado. Os restos não estavam visíveis. Só foram encontrados por causa da movimentação aérea dos urubus.

Os homens estavam organizando uma caçada, acreditando ser uma onça, pois ali, já fora território de onças e outros felinos carnívoros.

Era noite de lua nova e estaria tudo escuro. Valendo-me da minha visão, aproveitei a escuridão para invadir o barraco onde vi o menino entrar.

O barraco estava vazio.

Havia um cheiro de cachorro molhado no local, denunciando a presença de lobisomens. Só que havia outro cheiro, e esse parecia familiar, mas eu não conseguir definir o que é.

Vasculhei o barraco inteiro e encontrei um alçapão embaixo da cama do garoto.

“Então era assim que ele sai e voltava”

Ñ

Três dias atrás...

Filho, acorde.

O que foi pai?

Vamos sair daqui. Estamos sendo vigiados por um vampiro.

O que vamos fazer, pai?

Vamos fugir desta cidade. Aqui já não é mais seguro.

Mas pra onde? Não conhecemos ninguém.

Não sei, qualquer lugar. Só que aqui não podemos ficar.

Pegaram algumas peças de roupas e saíram. Fora do ciclo da lua cheia, eles podiam controlar a transformação, então na forma de lobo, os dois, pai e filho, começaram a correr pela mata em linha reta, desviando apenas das cidades, bairros ou qualquer aglomerado de pessoas.

Corriam durante a noite e descansavam durante o dia. Na forma de lobo, eles cobriam uma área muito maior.

Não se arriscaram a usar nenhuma condução, para não chamarem a atenção pela palidez de suas peles.

Chegaram a uma grande floresta de pinheiros que ficava na base de uma montanha. Ali resolveram se estabelecer, aguardando o próximo ciclo da lua cheia.

Ñ

“Vamos ver até onde vai dar esse túnel” – pensou Alexsander.

Dentro do túnel, o espaço era minúsculo e havia pelos para todos os lados.

Ele seguia por uns duzentos metros por baixo da favela, até acabar em um barranco na beira do rio.

“Muito esperto. Usou o rio para despistar a fuga. Poderia ir em qualquer direção por dentro do rio, ou simplesmente atravessá-lo”

retornou ao barraco para ver se achava algo que indicasse para onde os dois teriam ido, mas não havia nada. Só o cheiro de cachorro molhado que recendia no local. O jeito era voltar a “captar” informações nas lanchonetes e nos jornais.

Ñ

No fim de semana seguinte encontrou o grupo de estudantes no mesmo bar.

Oi! O grupo de vocês parece menor hoje. – disse Alexsander, tentando obter alguma resposta.

É. O Jair deve ter ido embora. – disse um deles.

Deve ter ido para casa dos parentes dele. – disse outro colega.

Pois é. Ele sempre ficava falando que se as coisas apertassem, ele e o pai iriam para o interior, próximo a Bauru.

Muito bem, está na minha hora. Divirtam-se. – disse Cróton. Já obteve o que queria.

Em seu esconderijo, resolveu testar suas informações recém obtidas. Alexsander, apesar de ser uma criatura noturna, vivia com as facilidades do mundo moderno. Uma delas era o seu kit de cremes e bloqueadores solares, que lhe permitiam que andasse de dia. Outra modernidade era seu notebook ultramoderno com acesso a Internet sem fio com banda larga. Ligou seu notebook e acessou a página do Google. Na pesquisa digitou “ataques cães lobos sangue” e teclou enter.

Apareceram milhares de referências. Pacientemente ele começou a filtragem. Alguns resultados chamaram sua atenção: “...na cidade de São Manoel, interior de São Paulo, cabras foram encontradas mortas, misteriosamente...”, “...algumas vacas apareceram mortas, na manhã de ontem, na cidade de Pardinho. Ainda não foi descoberta a causa...”, “...alguns alunos de zootecnia da Unesp, em Botucatu, acreditam terem visto um grande lobo circulando pela área da faculdade. O complexo é dotado de vigilância armada e eletrônica, mas nada foi captado pelas câmeras e...”, “...funcionário da Sabesp, em Botucatu interior de São Paulo, alega ter sido perseguido por um cachorro muito peludo e que, não parecia com nenhuma espécie que ele conhecesse. Uma equipe dos bombeiros juntamente com a prefeitura, foram até o local. Encontraram na casa, onde o funcionário trabalhava e morava temporariamente e encontraram várias garrafas de aguardente vazias. Acreditam que o funcionário da Sabesp, estava...”

Alexsander fechou a página e abriu o Google Earth, digitou “Botucatu” na busca, e pode analisar os locais dos relatos, formando uma triangulação. No centro havia uma grande área de reflorestamento de pinheiros.

“Ele está se alimentando bem longe de seu esconderijo, mas perto o suficiente para que retorne antes de amanhecer. Próxima parada, Botucatu.”

Continua...

Comentários

Anônimo disse…
om, eu li "O Assalto" e esses da Josephine, e to gostando bastante até agora.
Brigada por ter me mandando o link^^
Bjus
Ly
Tem algum jeito de eu ficar sabendo quando você atualizar essa historia? (eu normalmente não me lembro onde eu li o que a menos que algume me diga XD)

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