Josefine – parte I

Aviso. Antes de ler esse conto, leia "O Assalto". Vocês terão uma idéia melhor do personagem.

NC


Josefine – parte I

Mais uma noite de lua cheia. Esta semana inteira é de lua cheia.

Tenho que ficar atento a qualquer coisa, qualquer relato estranho. Fico andando de bar em bar. Não tem melhor lugar para saber da vida dos outros ou o que acontece na cidade. Sempre foi assim. Por mais escondido que seja feito, alguém sempre fica sabendo e acaba comentando em uma roda de amigos, e daqui a pouco, a cidade inteira está sabendo.

Tenho que ficar atento, por que é nessa época que eles ficam mais ferozes. Esse é o período em que a fera domina o homem e eles perdem o controle.

Em uma dessas andanças, ouvi um grupo de adolescentes comentando:

Meu pai é um lobisomem.

Fala sério! Esse negócio não existe – zombou o colega mais próximo.

Os demais colegas do garoto começaram a gargalhar, fazendo piadas e chamando o garoto de filhote de lobisomem, ele se encolheu e ficou quieto.

Após alguns minutos, todos haviam esquecidos e já estavam falando de outra coisa.

A historia do garoto poderia ser só invenção para chamar atenção, mas valia a pena investigar.

Quando se despediram, resolvi seguir o garoto. Não devia ter mais de 16 anos. Era negro e usava óculos. Com certeza não era o preferido das meninas e também não era o primeiro a ser chamado para um jogo de basquete.

Morava na parte mais pobre da cidade, num casebre feito de chapas de madeira, usadas como tapume em construções e, algumas placas de trânsito, já tortas e com perfurações de balas. Se a historia do garoto fosse real, seria um ótimo esconderijo. Ninguém vem aqui, a não ser os moradores e a polícia, eventualmente.

Silenciosamente, subi em um telhado e fiquei ali observando. Havia começado mais uma caçada.

Ñ

Eu havia jurado matar qualquer lupino que encontrasse. Declarei guerra aos lobisomens, desde o ataque à minha amada Josefine. Mesmo contra a vontade do meu clã. Estou sozinho nessa batalha.

Sempre nos odiamos. Nós, os noturnos e os licantropos. Mas nunca atacamos um ao outro. Sempre escolhíamos áreas de caça diferentes. Mas nós caçamos para nos alimentar. Não é nossa intenção nos mostrarmos. E assim, por séculos, nossa raça tem sobrevivido na obscuridade, na ignorância dos humanos. Os lobisomens não. Quando estão no período da lua cheia, se transformam em feras assassinas e incontroláveis, atacando tudo e a todos sem distinção.

Continua...

Comentários

Anônimo disse…
Caro Jack,

Parabéns pelo novo conto que iniciou. Tenho certeza de que irá nos agradar muito.

Grande abraço,

Andy

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