AISHA

 “Hoje faz três anos que não a vejo, mas ainda sinto sua presença.
Ainda sinto o cheiro adocicado do sangue de Leonishe, o sacerdote da deusa Laykdam, que invadiu nosso mundo em busca de vítimas inocentes para sacrifício.
Ashtar, o planeta de origem de Leonishe, outrora cheio de vida, entrou em colapso com a chegada da deusa Laykdam, que para restabelecer o equilíbrio exigia sacrifícios de sangue cada vez mais numerosos. Com o extermínio dos povos daquele mundo, a Laykdam dotou seus seguidores com poderes metamorfos , tornando-os capazes de se transformarem em dragões. Assim, atravessavam as dimensões e entravam
em planetas como bólidos fechados em seus casulos para suportar a viagem, eclodindo assim que encontrassem um ambiente satisfatório.
Como tudo possui seu equilíbrio no universo, do mesmo planeta surgiu Aisha, única sobrevivente de seu clã, que resolveu não obedecer aos desmandos da deusa Laykdam.
Ainda me lembro da longa espada prateada de duas mãos que ela usava. Uma arma única, com fio de um lado e esporas do outro que iam do guarda mão até quase o meio da espada. Sua espaldeira continha dentes e garras de dragão, demonstrando que não era a primeira vez que os enfrentava. Preso à perna, um longo punhal também de prata.
Mas o que me impressionava mesmo eram seus cabelos ruivos, que iam até a cintura emoldurando um belo rosto de olhos verdes e expressões firmes.
Ela manejava a espada com graciosidade e destreza como se fosse uma extensão de seu braço.
Ainda vislumbro o momento em que, no calor da batalha, a espada prateada de Aisha em sua dança mortal, desferiu o golpe no longo pescoço de dragão de Leonishe, decepando-lhe a cabeça.
Tudo isso são lembranças agora, porém ainda vivas em minha mente, tão nítidas como se houvessem acontecido ontem.
Na época não entendi porque, entre milhões de pessoas, algumas com mais coragem e mais força que eu para enfrentar tal situação, logo eu fosse escolhido.
Hoje percebo. Não era a coragem, mas o espírito de coragem. Não era a força física, mas a índole e o espírito livre. Não era a habilidade de guerreiro, mas a serenidade para suportar tudo e não sucumbir à loucura.
Esse foi o meu papel nesta incrível batalha. Para que Aisha viesse para nossa dimensão, era necessário um elo psíquico com alguém do nosso plano dimensional. Eu pude acompanhar tudo, vendo através de seus olhos, sentido através de sua pele e sua carne. Cada lanho em seu corpo, eu sentia como se fosse em mim.
Assim que Leonishe foi derrotado, senti Aisha saindo de meu corpo, saindo de minha consciência... me deixando.
Será que voltarei a vê-la? Não sei. Mas creio que nosso mundo não corre mais risco de invasão.
Será?”
Extraído do diário de Silvio Alex, ano 2144.

Texto: Jack Sawyer
Enredo: Jack Sawyer e Rita Maria Félix

Comentários

Susy Ramone disse…
Lindo o blog!
Magníficos contos!
Meu ultimo conto tb tem uma personagem ruiva... rsrs
Visite se puder susyramone.blogspot.com
Espero que goste!
Bloody kisses!
Susy Ramone disse…
Pra você, que é tão especial, ofereço um presente. Pegue o selinho que fiz com todo amor para este blog encantador.
http://susyramone.blogspot.com/2011/02/ofereco-este-mimo-para-todos-os-meus.html

Bloody Kisses!

Susy

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