La Luna - Parte I

La Luna – Parte I

Caminhar pela floresta era o que Lucius mais gostava de fazer, principalmente em noites de lua cheia, quando a mata ficava ainda mais iluminada e misteriosa, sétimo filho de um simples pescador e uma doceira de vila, Lucius havia sido batizado pelo seu irmão mais velho Augusto. Mesmo assim todos achavam o garoto de quinze anos estranho. Quando anoitecia ele sempre corria para a floresta e em noites de lua cheia ficava na mata até o amanhecer.

Certa noite um caçador viu Lucius adormecido em cima de um grande lobo europeu, ele se assustou, pois tal animal não era visto naquelas matas, apenas no zoológico, o caçador saiu gritando da mata apavorado. Quando chegou em casa Lucius teve a pior das surpresas de sua vida, seus pais o estavam mandando para um seminário, ele iria morar com padres.

_ Minha mãe, por favor! Isso é bobeira, aquele "monstro" que o caçador anda dizendo ter visto era um cachorro vira latas que encontrei na mata, ele é dócil comigo e eu costumo levar alimento para ele.

_ como nunca vimos esse cachorro por aqui?

_ Ele não parece gostar muito das pessoas. Ele tem muitas cicatrizes e queimaduras no corpo, acho que foi muito judiado, eu fiquei feliz por ele gostar de mim.

_ Lucius não importa. É melhor que você saia de nossa cidade até você se tornar adulto, dizem que a maldição aparece até os 18 anos. Então quando você se tornar adulto você poderá voltar para cá se assim desejar.

_ Tudo bem minha mãe. Eu irei, pois não posso ir contra a vontade de meus pais. Só que nunca mais voltarei à vila, pois aqui só mesmo Carnius é meu amigo. Tenho certeza que assim que partir, ele irá me seguir.

_ Deixe de dizer bobagens menino. Augusto irá se casar daqui a algumas semanas e você deverá vir ao casamento.

_ Não mamãe, e antes que a senhora seja surpreendida, Augusto não irá se casar. A algumas noites tive um sonho onde estávamos tendo essa mesma conversa e depois vi a noiva de Augusto na floresta, ela estava nua sob um homem grande e peludo. Depois a vi e Augusto mortos, esquartejados nessa sala.

Doralice, enfurecida com as palavras do filho caçula, deu-lhe um tapa que deixou sua face esquerda totalmente vermelha.

_ Nunca mais repita isso. Você inventa essas histórias para me deixar nervosa. Oh! Deus, bem que minha mãe avisou para que eu tomasse aquele chá, evitando assim que tivesse um filho amaldiçoado.

_ Que bom mamãe! Agora sei o que realmente a senhora pensa de mim.

A carroça saiu antes do anoitecer. O pai de Lucius o levou para a cidade vizinha, durante o trajeto não disse uma única palavra, dois quilômetros antes de chegar à entrada da cidade o pescador parou a carroça e ordenou para o filho que fugisse.

_ Como assim meu pai?

_ Fuja Lucius, não quero meu filho infeliz. Trancar você num seminário não evitará a maldição. A loucura e as crendices de sua mãe tem deixado todos os meus filhos impressionados, Augusto irá se casar contra a vontade com a filha de uma beata, Rogério sequer pensa em casar, por que, teme ter sete filhos homens ou sete filhas mulheres, pois a maldição do lobisomem ou das bruxas poderá afetar a família.

_ Meu pai...

_ Veja Lucius é seu cachorro, vá, acompanhe ele, ele irá te proteger.

Lucius estranhou a decisão do pai, mas, entrou na mata e sumiu entre as árvores, sempre acompanhado daquele cão enorme de pelagem cinza escuro.

Continua...

Lady Debby Lenon (co-autora com Espelho)

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