A VINGANÇA DE NAZIAM
Como viram no post anterior, eu coloquei o conto da Rita Maria Félix da Silva:CENA NO JARDIM DE DOM HECTOR DE BRANDABADERE e que derivou As Canções de Mimeme de Daniel Folador e acabou derivando o meu conto.
Para que vocês se situem melhor eu sugiro ler antes CENA NO JARDIM DE DOM HECTOR DE BRANDABADERE e logo em seguida As Canções de Mimeme para depois ler o meu. É só para um entendimento melhor, não existe uma sequência, mas alguns personagens e cenas são citadas neste conto e se referem aos dois anteriores.
Espero que gostem. Boa leitura.
Para que vocês se situem melhor eu sugiro ler antes CENA NO JARDIM DE DOM HECTOR DE BRANDABADERE e logo em seguida As Canções de Mimeme para depois ler o meu. É só para um entendimento melhor, não existe uma sequência, mas alguns personagens e cenas são citadas neste conto e se referem aos dois anteriores.
Espero que gostem. Boa leitura.
A vingança de Naziam
Baseado no universo do Jardim de Dom Hector de Brandabadere.
de Rita Maria Félix da Silva.
O
rei dos peixes há muito lamentava a perda do filho para as nuvens
sapientes e devoradoras. Entre seus inúmeros filhos, este era o
senhor dos seus exércitos, o primeiro na sucessão do trono e o mais
dedicado ao reino. Todo o reinado sentia a perda do príncipe Nagô,
e prometeram ao rei, total apoio caso ele se dispusesse a guerrear
contra as feras gasosas. Essa era a intenção do rei, mas isso
exigiria muitas alianças.
Após
reunião com seus conselheiros, o rei Naziam despachou várias cartas
através de seus mensageiros.
O
primeiro da lista era o povo das profundezas. Era um povo isolado que
vivia quase em total escuridão. Tinham corpos grandes, longos
pescoços e boca muito larga. Tinham necessidade de ar mas não
precisavam ir até a superfície, pois produziam sua própria reserva
em bolsões dentro de cavernas subaquáticas.
Os
bolsões eram tão grandes e interligados pelas cavernas que formava
uma grande cidade seca em baixo do lago. Pequenas criaturas da
superfície que porventura caíam no lago e chegavam até o fundo
ainda vivas, logo eram resgatadas pelos abissamicos (como eram
chamadas as criaturas das profundezas) e lá viviam.
Para
os que viviam na superfície, lamentavam a morte pois o corpo jamais
aparecia. Dizia a lenda que existe uma cidade submarina, mas ninguém
jamais retornou para confirmar a historia e o rei dos peixes dizia
desconhecer tal cidade.
Os
abissamicos, apesar de não jurarem lealdade ao rei Naziam, aceitaram
se aliar a ele em sua guerra contra as nuvens.
O
rei Naziam ainda precisava de mais um aliado. Entrou em contato com o
povo dos olhos grandes, aqueles que respiravam acima e abaixo da
linha d'água. Essa aliança era fundamental para que seu plano desse
certo. A negociação foi longa, o príncipe Lyan queria garantia
para preservar seu povo. Não podia arriscar uma aliança e, se o
plano não desse certo, seu povo seria o primeiro a ser tomado em
represália. O rei Naziam prometeu asilo em seu reino para os
perseguidos. Ao final, o príncipe Lyan cedeu e aceitou os termos.
Findando
mais um dia, o sol lançava seus últimos raios como se estivesse
tentando se agarrar em algo para evitar se pôr. Desta vez o o
crepúsculo tinha tons de lilás e amarelo. Em seu oposto a lua já
providenciava sua luz em forma de fitas prateadas.
Novo
dia. Uma manhã silenciosa, quebrada apenas pelo ranger das asas das
borboletas renascidas dos espelhos quebrados, voavam sobre o lago espalhando
flashes coloridos refletindo o sol na água.
A
lagoa estava limpa, sem folhas, sem plantas e sem insetos
sobrevoando. Um ótimo trabalho do príncipe Lyan e seus súditos.
O
plano do rei Naziam já estava em andamento. A superfície totalmente
plana, sem nenhuma ondulação como se fosse uma grande camada de
plástico, que poderia até enganar as formigas tecnocratas.
As
nuvens estavam saindo de seu pequeno paraíso, em direção ao centro
do lago, sem desconfiar ou perceber a ausência de qualquer coisa
sobre a água ou qualquer animal em suas margens. Nem ao menos
notaram um sutil movimento circulatório na água.
Em
um movimento sincronizado, todos os súditos do rei Naziam começaram
a nadar em sentido anti-horário. O formato ovalado do lago
facilitava a navegação. Logo, o fundo já rodopiava em um
redemoinho violento, mas a superfície ainda era calma, sem nada
flutuando. Era impossível perceber que a água se movimentava. O
povo abissamico também fazia sua parte girando no fundo lo lago.
As
nuvens perceberam o movimento dos peixes em círculos e entenderam
que teriam uma tarde farta.
Logo
um pequeno funil se formou na superfície e foi se alargando aos
poucos. Os peixes começaram a ficar visíveis de cima e as quatro
nuvens sapientes começaram a se juntar formando uma grande nuvem
cinza. O redemoinho foi ficando cada vez maior e as nuvens sapientes
se preparavam para baixar e estender seus tentáculos gasosos para as
laterais e começar o recolhimento.
De
repente, dois seres abissamicos saem do fundo, girando entre si e com
as bocas largas bem abertas e, em um ataque sincronizado engolem a
grande nuvem, um de cada lado eliminando de vez a ameaça.
Os
lagartos sobre as rochas meteóricas, as flores comedoras de metais,
as formigas tecnocratas, o pato humanoide, todos olharam para o lago
ao ouvirem um grande “tibum”. Logo todos voltaram a seus
afazeres, como se nada tivesse acontecido.
Vivas
e urras partiam do reinado de Naziam. Os dois seres abissamicos
retornaram para a cidade bolha e lá depositaram as nuvens. O
príncipe Lyan voltou para os seus domínios, as margens do lago.
O
restante vivem em harmonia. As formigas prosseguem em sua marcha
interminável em busca do precioso plástico para o seu foguete. O
ocaso se aproxima mais uma vez, agora com longas fitas vermelhas e
púrpuras. Desde a morte de Mogono e a fuga de Mimeme, o único som
que se houve é o piar da coruja.
No
fundo do lago, bem no fundo da cidade bolha, uma pequenina bolinha de
ar consegue escapar das cavernas e flutua velozmente em direção à
superfície.
Jack
Sawyer
Comentários
A vingança ficou bem plausível, me perguntava o que peixes poderiam fazer contra nuvens... As cores do pôr-do-sol foi um link legal com meu conto.
Só acho que faltou as cigarras teocráticas no sons da noite.
Abraços!