Fim de festa
Fim de Festa
Por Jack Sawyer
Esta historia é um caso verídico. Aconteceu em uma cidade de Minas Gerais. Os nomes dos personagens foram mudados para proteção dos mesmos.
Como toda cidade de interior, lá também tem as suas lendas, e dizem que uma fabrica abandonada que outrora fora uma fabrica de doce de leite, às vezes se ouvem barulhos estranhos, como se de repente ela voltasse a funcionar. Vocês podem dizer “basta passar pelo outro lado da rua, na outra calçada”. Aí eu lhes pergunto, sabe o que tem do outro lado da rua? Uma serraria, também abandonada e coma mesmas peculiaridades assombrosas. A solução então era passar pelo meio da rua.
Todos se despedem e seguem rumo suas casas. Já é alta madrugada em uma cidade pequena de Minas Gerais. Um casal vem descendo a ladeira, descontraídos. São dois irmãos e vinham conversando.
Ao passar pela fábrica de doces abandonada, ouvem barulho de latas e panelas batendo nos fundos da ex-fábrica.
Odete aperta o passo e puxa Ricardo.
- O que é isso mana? Pra que a pressa?
- Você não ouviu?
- Ouviu o quê?
- O barulho de panelas lá na fábrica?
- Deve ser algum casal esticando a festa, ou algum gato vadio.
- Pode ser, mas e as histórias?
- Que nada, esse negócio de fantasmas não existe.
- Você não devia falar assim.
- Falo e repito, não acredito nessas histórias, e além do mais, a maioria é contada por gente que está voltando de festas, ou seja, bêbados.
- Esta bem, mas vamos mais rápido tá?
Odete segue na frente, passo apertado, com pressa de chegar em casa.
Ricardo seguia calmamente. Aproveitando o ar da noite e o cheiro das flores que só se abrem ao anoitecer.
A distancia do salão de festas até a casa dos pais não era muito longa.
Ao passarem pelos dois pontos assustadores, seguem pela calçada do lado esquerdo, onde era mais iluminada.
Sem que eles percebam, suas sombras se comportam de uma forma estranha, principalmente a de Ricardo. Odete já estava a uns 10 metros à frente, transpirando e com o cabelo todo desgrenhado. O alisamento que levar a tarde inteira para ser concluído, a muito havia desaparecido.
- Vamos Ricardo, estou com medo, ande mais rápido, eu quero chegar logo em casa.
- Mas que medo bobo. Não há o que temer. Só os fantasmas, huaaaaaaaaa – fez um som grave, como naqueles filmes de terror, e dando uma gargalhada em seguida, vendo que sua irmã ficava mais assustada ainda.
- Para com isso, você pode não acreditar, mas eu não duvido, e eu não vou esperar mais. Vou à frente.
- Pode ir. Eu não vou ficar correndo pela rua, só porque você está com medo de uma sombra que...
De repente, ele percebe que a sua sombra não o obedece, parece ter vida própria. Ele já havia passado por um dos postes e sua sombra estava à frente. Ricardo acena com um braço e aparece outro na sobra projetada na calçada, como se ele tivesse dois braços direitos. Ele fica paralisado, sem saber o que fazer. Resolve olhar para trás. Poderia ser alguém atrás dele querendo pregar uma peça. Vira-se rápido e nada vê. Somente sua sombra atrás dele... Também? Não podia ser projeção do outro poste, estava longe. Foi seguindo a sombra com os olhos a partir de seu calcanhar até chegar ao poste de luz que estava atrás. Nada. Somente o poste.
Subitamente, duas bolas reluzentes de um vermelho incandescente, parecendo dois olhos se ascendem no poste e logo abaixo, um brilho fino e branco que pareciam... Dentes.
- Aaaaaaaahh!
Ricardo cai sentado, com o susto que leva, tenta se levantar e sai engatinhando rua abaixo, até que consegue correr.
Quando chega ao próximo poste ele para. Fica ali, encostado no poste, quieto.
Odete já estava a uma quadra de distância quando ouve o grito de Ricardo e se vira.
Vê Ricardo estancado, encostado em um poste, como se estivesse se escondendo de alguma coisa.
Achou que era mais uma brincadeira dele e ficou olhando. Mas, e se não fosse? Ele estava totalmente parado, só mexia os dedos, como se fossem espasmos. E se ele estivesse tendo um ataque?
Corre até ele, subindo a rua novamente. Ricardo estava branco como papel, os olhos arregalados, movendo para todos os lados.
- O que foi Ricardo? Está sentido alguma coisa?
Conforme Odete ia se aproximando, percebeu uma sombra em volta do pescoço e dos braços do irmão. Abaixou-se para enxergar melhor e a luz da rua refletiu em seu prendedor de cabelo, iluminando o corpo de Ricardo.
Nesse momento a sombra se desfaz e Ricardo cai novamente. Primeiro de joelhos. Com as mãos no pescoço, arfando muito, no desespero de encontrar ar. Logo em seguida cai de bruços e é amparado por Odete, que não agüenta o peso dele e cai também.
- Ricardo, Ricardo, o quer foi o que aconteceu?
- Nã... não ssssei. – cof cof cof - alguma coisa mmmmme prendeu. Vvvvvvvamos embora daqui.
Desceram pelo meio da rua evitando os postes até chegar em casa.
- Mana. Não conta nada para a mãe não.
- Pode deixar, fica só entre nós. – responde Odete reprimindo um sorriso, como se dissesse “eu não te avisei?”.
Fim
Por Jack Sawyer
Esta historia é um caso verídico. Aconteceu em uma cidade de Minas Gerais. Os nomes dos personagens foram mudados para proteção dos mesmos.
Como toda cidade de interior, lá também tem as suas lendas, e dizem que uma fabrica abandonada que outrora fora uma fabrica de doce de leite, às vezes se ouvem barulhos estranhos, como se de repente ela voltasse a funcionar. Vocês podem dizer “basta passar pelo outro lado da rua, na outra calçada”. Aí eu lhes pergunto, sabe o que tem do outro lado da rua? Uma serraria, também abandonada e coma mesmas peculiaridades assombrosas. A solução então era passar pelo meio da rua.
Todos se despedem e seguem rumo suas casas. Já é alta madrugada em uma cidade pequena de Minas Gerais. Um casal vem descendo a ladeira, descontraídos. São dois irmãos e vinham conversando.
Ao passar pela fábrica de doces abandonada, ouvem barulho de latas e panelas batendo nos fundos da ex-fábrica.
Odete aperta o passo e puxa Ricardo.
- O que é isso mana? Pra que a pressa?
- Você não ouviu?
- Ouviu o quê?
- O barulho de panelas lá na fábrica?
- Deve ser algum casal esticando a festa, ou algum gato vadio.
- Pode ser, mas e as histórias?
- Que nada, esse negócio de fantasmas não existe.
- Você não devia falar assim.
- Falo e repito, não acredito nessas histórias, e além do mais, a maioria é contada por gente que está voltando de festas, ou seja, bêbados.
- Esta bem, mas vamos mais rápido tá?
Odete segue na frente, passo apertado, com pressa de chegar em casa.
Ricardo seguia calmamente. Aproveitando o ar da noite e o cheiro das flores que só se abrem ao anoitecer.
A distancia do salão de festas até a casa dos pais não era muito longa.
Ao passarem pelos dois pontos assustadores, seguem pela calçada do lado esquerdo, onde era mais iluminada.
Sem que eles percebam, suas sombras se comportam de uma forma estranha, principalmente a de Ricardo. Odete já estava a uns 10 metros à frente, transpirando e com o cabelo todo desgrenhado. O alisamento que levar a tarde inteira para ser concluído, a muito havia desaparecido.
- Vamos Ricardo, estou com medo, ande mais rápido, eu quero chegar logo em casa.
- Mas que medo bobo. Não há o que temer. Só os fantasmas, huaaaaaaaaa – fez um som grave, como naqueles filmes de terror, e dando uma gargalhada em seguida, vendo que sua irmã ficava mais assustada ainda.
- Para com isso, você pode não acreditar, mas eu não duvido, e eu não vou esperar mais. Vou à frente.
- Pode ir. Eu não vou ficar correndo pela rua, só porque você está com medo de uma sombra que...
De repente, ele percebe que a sua sombra não o obedece, parece ter vida própria. Ele já havia passado por um dos postes e sua sombra estava à frente. Ricardo acena com um braço e aparece outro na sobra projetada na calçada, como se ele tivesse dois braços direitos. Ele fica paralisado, sem saber o que fazer. Resolve olhar para trás. Poderia ser alguém atrás dele querendo pregar uma peça. Vira-se rápido e nada vê. Somente sua sombra atrás dele... Também? Não podia ser projeção do outro poste, estava longe. Foi seguindo a sombra com os olhos a partir de seu calcanhar até chegar ao poste de luz que estava atrás. Nada. Somente o poste.
Subitamente, duas bolas reluzentes de um vermelho incandescente, parecendo dois olhos se ascendem no poste e logo abaixo, um brilho fino e branco que pareciam... Dentes.
- Aaaaaaaahh!
Ricardo cai sentado, com o susto que leva, tenta se levantar e sai engatinhando rua abaixo, até que consegue correr.
Quando chega ao próximo poste ele para. Fica ali, encostado no poste, quieto.
Odete já estava a uma quadra de distância quando ouve o grito de Ricardo e se vira.
Vê Ricardo estancado, encostado em um poste, como se estivesse se escondendo de alguma coisa.
Achou que era mais uma brincadeira dele e ficou olhando. Mas, e se não fosse? Ele estava totalmente parado, só mexia os dedos, como se fossem espasmos. E se ele estivesse tendo um ataque?
Corre até ele, subindo a rua novamente. Ricardo estava branco como papel, os olhos arregalados, movendo para todos os lados.
- O que foi Ricardo? Está sentido alguma coisa?
Conforme Odete ia se aproximando, percebeu uma sombra em volta do pescoço e dos braços do irmão. Abaixou-se para enxergar melhor e a luz da rua refletiu em seu prendedor de cabelo, iluminando o corpo de Ricardo.
Nesse momento a sombra se desfaz e Ricardo cai novamente. Primeiro de joelhos. Com as mãos no pescoço, arfando muito, no desespero de encontrar ar. Logo em seguida cai de bruços e é amparado por Odete, que não agüenta o peso dele e cai também.
- Ricardo, Ricardo, o quer foi o que aconteceu?
- Nã... não ssssei. – cof cof cof - alguma coisa mmmmme prendeu. Vvvvvvvamos embora daqui.
Desceram pelo meio da rua evitando os postes até chegar em casa.
- Mana. Não conta nada para a mãe não.
- Pode deixar, fica só entre nós. – responde Odete reprimindo um sorriso, como se dissesse “eu não te avisei?”.
Fim
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