Tempestade Elétrica - Parte 1

Tempestade elétrica
Parte 1
Por Jack Sawyer
Enredo de: Rita Maria Felix da Silva

Lucas Uriel abre os olhos assustados. O som insistente do seu bip de emergência se confunde com seu pesadelo, até que fica claro que ele está acordado, preso naquela paralisia que sentimos ao sermos acordados repentinamente. Tivera aquele pesadelo novamente. Olha para o display luminoso do seu bip e reconhece o número. Pelo jeito tinha trabalho à vista. Olha para o teto e o relógio digital indica que são 03:00 da madrugada. Dita um comando de voz.
- Responder ligação do bip.
Uma seqüência de bipes indica que um número estava sendo discado. Uma voz eletrônica simulando uma voz feminina é ouvida na casa.
“- Ligação completada Sr. Lucas”
- Obrigada GInA.
- Lucas?
- Sabe que horas são?
- Temos um trabalho para você. – responde uma voz do outro lado da linha, sem mostrar emoção e sem se importar com a pergunta.
- Muito bem, onde é o incêndio?
Silêncio.
“- Acho que ele não entendeu a pergunta Sr. Lucas.”
- Ok, ok, diga então qual é o trabalho?
- Estamos enviando para você seu novo alvo. Apenas uma ressalva. Este deve ser executado imediatamente.
- Vocês querem se ver livres desse sujeito, hein?
Novo silêncio. Parece que seu empregador não tinha nenhum senso de humor.
- Metade dos seus créditos já está em sua conta, a outra metade na conclusão do serviço, como sempre.
- Combinado. Há algo mais que preciso saber?
- Se houver, está nos documentos que lhe enviei. Desligando.
O áudio interrompeu e logo em seguida, Gina fala com sua voz sintetizada e harmoniosa.
“- Os documentos acabaram de chegar Sr. Lucas”
- Vamos ver o que te torna tão indesejado. Humano puro, suposto líder dos renegados do setor sul de Tritium, procurado por sonegação de ISV e destruição de propriedade do conglomerado. Acusado de sabotagem em vários núcleos de ambientação... puxa, não é à toa que te querem morto, meu camarada.

~ o ~ o ~

No amplo salão da LaborCri (Laboratório de criogenia) há um imenso painel com milhares de luzes vermelhas. Luzes do tamanho de uma tampa de caneta, com um código embaixo de cada uma. No turno da noite, apenas um vigia. Seu único trabalho era observar o enorme painel, para ver se alguma luz daquelas mudava de cor. Era um emprego moleza, segundo os antigos funcionários, desde que a empresa foi fundada, isso nunca aconteceu. Até agora.

~ o ~ o ~

Vargas estava sentado na cadeira, equilibrando-a sobre as duas pernas traseiras, recostado na parede e com os pés sobre o painel de controle. Lia um livro do André Vianco, um escritor do século XXI. Quando o alarme começou a tocar, escorregou da cadeira e caiu de costas. Tinha levado um susto tão grande, que esqueceu o protocolo a seguir.
Abriu as gavetas desesperadamente, procurando o manual de procedimentos emergenciais. O encontrou na terceira gaveta, e colocou sobre o painel de vidro e olhou o índice, procurando por sirene, alarmes, sinal sonoro ou qualquer outra coisa semelhante. Encontrou e foi direto à pagina, quase rasgando as folhas com dedos atrapalhados. O texto dizia:
“... ao ouvir um sinal sonoro, vá até o painel e verifique se alguma luz mudou de cor e...”
No apavoramento, nem leu o restante e foi correndo conferir o painel. Andou toda a extensão dele, levando uns cinco minutos até encontrar uma luz amarela entre tantas vermelhas. Sem saber o que fazer, voltou até o manual de procedimentos.
“... e anote o código abaixo da luz e...”
- Que idiota que eu sou. – e corre de volta ao painel para anotar o número. De volta, com o código anotado na mão, continua a leitura.
“verifique o painel de controle e observe se todos os botões estão ligados (na posição on), principalmente o que se refere à luz que mudou de cor (caso alguma tenha mudado de cor) e obser...”
- Mas que droga, isso tinha que acontecer no meu turno?
Para ganhar tempo, foi direto na chave que correspondia ao código anotado na mão. Achou-a sem dificuldade, pois era onde estava com o pé e, acidentalmente, desligara a chave que agora estava em off. Colocou-a na posição on novamente, achando que assim resolveria o problema.
Voltou tranqüilamente para o livro e deu seqüência na leitura das instruções.
“...observe, caso haja alguma chave em off, sob hipótese alguma, acione a chave para on novamente...”
- Mas que imbecil, acabei de estragar tudo.
“... em seguida, caso alguma luz do painel tenha mudado de cor para amarelo, as luzes do complexo começaram a piscar entre o amarelo e vermelho e a luz do painel mudará de amarelo para verde. Se algum desses eventos acontecer independente da ordem ligue para o número no final desse manual e fale com o doutor Marcos Albrieri, informando a situação.”
- Onde está o telefone desse homem? – resmunga Vargas, folheando as páginas desesperadamente, procurando o telefone do doutor.

Continua...

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